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sábado, 24 de setembro de 2011

Degustando o que tem de bom!

Noções básicas de degustação
Arthur P. Azevedo
A degustação de vinhos deveria fazer parte da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Afinal de contas, todos deveriam conhecer um pouco desta técnica que é a degustação, para poder aproveitar o vinho em toda sua plenitude. No entanto, de forma incompreensível, se difundiu a idéia, errônea e preconceituosa, de que somente alguns privilegiados poderiam ter acesso a esta difícil prática. Os demais mortais estariam irremediavelmente condenados a apenas beber o vinho pelo resto de suas vidas.
Na verdade, qualquer indivíduo pode, e deve, aprender a degustar um vinho. Basta que tenha todos os seus sentidos funcionando e que conheça os princípios básicos da degustação.
Afinal o que é realmente degustar um vinho ?
Degustar um vinho é, nas palavras de Emile Peynaud, um dos maiores enólogos da França, submetê-lo aos seus órgãos dos sentidos, analisando-o atentamente. Em outras palavras, degustar é beber com atenção. A degustação, como técnica que é, não deve ser utilizada como meio de exibição ou de demonstração de dotes excepcionais, por indivíduos que são os responsáveis pela imagem pouco lisonjeira que os verdadeiros conhecedores de vinho têm. Deve-se degustar um vinho em local adequado, com boa iluminação e livre de odores, tomando-se o cuidado de servir o vinho em taças adequadas (padrão ISO/INAO, encontráveis nas boas lojas de vinhos) e na sua correta temperatura de serviço.
Para acompanhar os vinhos durante a degustação recomenda-se apenas água mineral (com ou sem gás) e pão francês simples, que devem ser consumidos entre um vinho e outro.
As fases da degustação
A degustação é dividida em três fases: análise visual, análise olfativa e análise gustativa, nesta ordem obrigatoriamente. Antes de se começar deve-se estar atento para a maneira de segurar a taça, sempre pela base ou pela haste e nunca pelo corpo do copo, para não alterar a temperatura do vinho e para não sujar o copo, dificultando a visualização do vinho
Análise visual
Esta talvez seja a mais negligenciada de todas as etapas da degustação de vinhos. Poucas pessoas param para apreciar a cor do vinho e para descobrir as pistas que o visual nos dá sobre a sua evolução, sua maturidade ou mesmo o seu teor de álcool.
Para bem analisar um vinho devemos estar atentos para a intensidade de cor, a tonalidade, a limpidez, a transparência e as lágrimas. Deve-se colocar vinho em cerca de 1/3 do copo e apreciar o vinho tanto ao nível dos olhos, como inclinado a 45o sobre uma superfície branca. Quanto à intensidade, um vinho pode ser mais ou menos escuro, dependendo da uva que lhe deu origem, da sua idade e da concentração de matéria sólida dissolvida no líquido (extrato).
A tonalidade de um vinho indica aproximadamente o seu grau de maturidade. De modo geral, podemos dizer que um vinho branco fica mais escuro com o envelhecimento e que os vinhos tintos ficam mais claros à medida que o tempo passa. É importante perceber, no caso de vinhos tintos e com o copo inclinado, se existem diferenças de tonalidade entre o centro o copo e as bordas, pois isto indica um grau de evolução e maturidade do vinho.
Os vinhos brancos geralmente começam sua vida com a cor amarelo-palha, evoluindo para amarelo-ouro e âmbar com o passar do tempo. Claro que isto depende um pouco do tipo de uva com a qual o vinho foi produzido. Existem certas variedades de uvas que dão origem a vinhos mais escuros, mesmo jovens.
Os tintos, pela presença inicial do pigmento antociano, azul, são de cor púrpura (roxo), quando jovens, evoluindo para vermelho-rubi, vermelho-granada e âmbar com a maturidade. Brancos e tintos terminam sua vida da mesma cor. Notem que dissemos terminam sua vida, pois o vinho, como um ser vivo, tem uma vida finita. Daí vem o ensinamento que a velha frase que diz ser um vinho quanto mais velho melhor, ser absolutamente falsa e desprovida de qualquer fundamento. Cada vinho tem o seu melhor momento de consumo e a análise visual nos dá boas indicações de quando será este momento.
A seguir verifica-se se um vinho é límpido, ou seja, se não tem partículas em suspensão e qual o seu grau de transparência, ou seja, o quanto o vinho deixa passar de luz.
Uma leve agitação do vinho permitirá que o mesmo escorra pelas paredes do copo, formando estruturas que são descritas como lágrimas ou arcos. Isto se dá por um fenômeno físico-químico, pela diferença de tensão superficial entre as diferentes substâncias do vinho. Quanto mais lágrimas um vinho mostrar e quanto mais finas forem estas lágrimas, maior será seu teor de álcool etílico (etanol). A velocidade com que as lágrimas escorrem pela parede do copo indicam a densidade do vinho, dependendo neste caso do extrato e da quantidade de glicerina.

Análise Olfativa
Quando você parar de agitar o vinho, durante a queda das lágrimas, é tempo de começar o próximo passo: a análise olfativa. Agitando o vinho, este se vaporiza e na fina película do líquido que recobre a parede interior do copo, este se evapora rapidamente. O resultado é uma intensificação dos aromas que se tornarão mais concentrados se o copo for mais estreito em sua porção superior. Deixe o vinho descansar por alguns segundos, coloque seu nariz diretamente no copo e aspire.
O vinho tem aromas diversos do de uva. A análise de seus componentes voláteis revela as mesmas moléculas que criam aromas que nos são familiares. Eis alguns exemplos: rosa, cereja, ameixa, amora, framboesa, maracujá, banana, pêssego, mel e baunilha. Até alguns aromas pouco comuns, tais como: alcatrão, couro, tabaco e bacon defumado, identificados por degustadores experientes, têm sua origem em substâncias com afinidades químicas básicas.
É notória a dificuldade de se encontrar palavras adequadas para descrever as complexas e efêmeras sensações olfativas que emanam de um copo de vinho. Para aumentar esta dificuldade, deve-se ressaltar que o aroma de um vinho está em constante evolução, mudando suas características com rapidez desde o momento em que é colocado no copo. Estes aromas também mudam se forem avaliados com o copo em repouso ou logo após uma breve agitação. Desta forma, numa degustação, deve-se freqüentemente reavaliar os aromas do vinho, captando-se estas mudanças.
Numa tentativa de facilitar a análise olfativa dos vinhos, poderíamos dividir teoricamente os aromas em primários - seriam os originários da própria uva, secundários - os originados do processo fermentativo e do amadurecimento em madeira (carvalho) e terciários - os originados do envelhecimento na garrafa e também conhecidos por bouquet.
Segundo Peynaud, também podemos classificar os aromas em famílias, como se segue:
==> Florais rosas, violetas, jasmins, acácias, etc.
==> Frutados cassis, cerejas, ameixas, pêssegos, limões, laranjas, etc.
==> Especiarias pimenta, cravo, canela, alcaçuz, noz-moscada, etc.
==> Animais caça, carne, pêlo molhado, couro, etc.
==> Vegetais palha, capim, feno, cana de açúcar, cogumelos, chá, fumo, etc.
==> Minerais vulcânico, petróleo, pedra de isqueiro, etc.
==> Balsâmicos resinoso, pinho, eucalipto, baunilha, etc.
==> Químicos odores da fermentação, fermento de pão, enxofre, esmalte de unha, mercaptano (aliáceo), cola de aeromodelo, removedor de esmalte, etc.
==> Empireumáticos odores associados a calor e fogo, tais como o alcatrão, tostado, defumado, caramelo, café torrado, piche, etc.
==> Outros aromas chocolate, mel, caixa de charutos, "sous-bois", etc.

Da mesma forma que a cor, os aromas do vinho oferecem pistas de seu caráter, origem e história. De uma maneira muito genérica e simplista poderíamos dizer que:
a) Nos vinhos jovens predominam traços de flores e frutas frescas ou vegetais, que evoluem com o envelhecimento do vinho para os aromas de frutas mais maduras, secas ou em geléia.
b) Nos vinhos mais envelhecidos predominam aromas animais ou de decomposição.
c) Nos vinhos brancos predominam aromas de flores brancas e amarelas ou de frutas brancas ou amarelas: maçã, pêra, abacaxi, melão, pêssego, maracujá, lírio, jasmim branco, etc.
d) Nos vinhos tintos percebemos aromas de flores ou frutas vermelhas: rosa, violeta, morango, cereja, framboesa, amora, groselha.
e) Os aromas típicos das diferentes variedades de uvas e porque não, até de algumas regiões vinícolas, podem ser reconhecidos em determinados vinhos.
A única maneira de se identificar com relativa facilidade os complexos aromas que os vinhos apresentam é se reativar nossa imensa capacidade de reconhecer os aromas existentes na natureza. Em outras palavras, temos que formar nossa memória olfativa. Isto se faz de forma sistemática e criteriosa, prestando atenção aos aromas existentes na natureza e no ambiente, procurando guardá-los na memória. Isto requer tempo e disciplina, além de muita dedicação no treino das técnicas de degustação. Em se tratando de vinhos, acredito que não será difícil treinarmos com afinco e porque não dizer, com grande prazer.

Análise gustativa
A última parte da avaliação sensorial do vinho diz respeito aos aspectos gustativos. É importante ressaltar que a expressão gosto abrange na verdade um conjunto de sensações: as gustativas, cutâneas e as olfativas retro-nasais. As sensações gustativas revelam quatro sabores: doce, salgado, ácido e amargo; a sensibilidade cutânea nos dá sensações táteis (adstringência, aspereza e maciez ou untuosidade), térmicas e dolorosas, que poderíamos definir como complementares; o olfato por sua vez fornece o aroma (sensações odoríficas retro-nasais), que é o componente mais importante do gosto, pois é o que mais influencia o caráter e determina a qualidade. Todas estas sensações são percebidas quase ao mesmo tempo, e por isso muitas vezes é difícil analisá-las, separá-las e atribuí-las com certeza a uma determinada modalidade sensorial.
Mais uma vez a técnica correta é essencial para uma completa avaliação. Leve o copo à boca e coloque uma quantidade suficiente, ou seja, o bastante para que o vinho possa percorrer toda a sua boca. Mantenha o vinho dentro da boca por cerca de dez a quinze segundos, fazendo-o manter contato com as diferentes partes da língua que identificam as sensações gustativas. Em outras palavras, deixe o vinho passear livremente pela boca, observando atentamente as diferentes sensações em cada região da língua e das mucosas.

Estas sensações referem-se aos sabores doce, salgado, ácido e amargo.

==> Doce no vinho, o sabor doce é provocado não só pelos açúcares residuais (frutose e glicose), mas também pelo álcool e pela glicerina (glicerol). Estas substâncias são melhor percebidas na ponta da língua e na fase de ataque (primeira fase da análise gustativa, logo que o vinho entra em contato com a boca) e são reconhecidas não apenas por sua doçura, mas também porque provocam sobre as mucosas da boca uma sensação tátil de maciez e untuosidade.
==> Salgado é um sabor raramente encontrado nos vinhos. É descrito, às vezes em vinhos de regiões muito próximas ao oceano, sendo o Jerez na Espanha o exemplo mais citado.
==> Ácido proveniente no caso dos vinhos, dos ácidos próprios da uva (tartárico, cítrico e málico) ou dos ácidos provenientes da fermentação alcoólica (succínico, láctico e acético). Estas substâncias são percebidas nas bordas laterais da língua, também na fase de ataque e reconhecidas pela salivação fluida e abundante que provocam.
==> Amargo os taninos podem provocar uma sensação de amargor discreto (em vinhos jovens de boa qualidade) que é melhor sentido no fundo da língua, ou mesmo nenhum amargor (se estes taninos forem muito finos e maduros). O amargor intenso e desagradável é, sempre que presente, um defeito ou uma doença do vinho.

A amplitude destas sensações gustativas pode ser aumentada através de técnicas especiais, que são mais apropriadas para as salas de degustação do que para ocasiões sociais. Inicialmente segure o vinho na boca e, com os lábios entreabertos, inale uma pequena quantidade de ar. Isto criará um turbilhonamento, que acelerará a vaporização do vinho, intensificando os aromas. A seguir, mastigue o vinho vigorosamente para retirar do mesmo cada sutil matiz de sabor.

Nesta fase, deve-se proceder a avaliação do chamado corpo do vinho, que é a sensação de peso que o vinho aparenta ter na boca. Pode ser definido ainda como o quão diferente da água o vinho em questão aparenta ser. O corpo do vinho está diretamente relacionado com o seu teor alcoólico - a quantidade de etanol do vinho e com o seu extrato - a quantidade de material sólido diluído no vinho.
O álcool também poderá excitar os receptores térmicos da língua, provocando uma falsa sensação de calor, freqüentemente acompanhada de uma ligeira ardência na mucosa bucal, além de provocar uma sensação de doçura e maciez.
A concentração de sabores
Um conceito fundamental que hoje, mais do que nunca, é muito valorizado na degustação de um vinho diz respeito à concentração dos aromas e sabores na boca. No jargão da degustação costuma-se referir a este aspecto como o "meio de boca", que num bom vinho deve ser preenchido pelos seus aromas e sabores de frutas. Aqui deve-se valorizar a qualidade e a concentração do vinho, na verdade o quanto de prazer que este vinho nos dá na boca. Cuidado no entanto para não subestimar os vinhos mais sutis, que possuem aromas e sabores delicados. Não se deixe impressionar pelos vinhos super-extraídos e freqüentemente muito alcoólicos, que costumam ser massivos e sem elegância.
A persistência aromática intensa e o aroma de boca
Denomina-se persistência aromática intensa a duração dos aromas e dos sabores de um vinho na boca, antes que estes diminuam de forma acentuada. Quanto mais prolongada for esta sensação, mais valorizado será um vinho. Este tempo de duração, medido em segundos, nos grandes vinhos pode ultrapassar a marca de um minuto.
Diz-se que um vinho tem curta persistência quando a duração for menor que 4 segundos, média persistência quando o tempo for de 5 a 7 segundos e longa persistência quando o tempo for de 8 ou mais segundos.
Após a deglutição do vinho, expire lentamente através da boca e do nariz. Isto fará com que os aromas atinjam o bulbo olfativo pela via retro-nasal, que liga a garganta e o nariz, constituindo-se numa rota alternativa para os aromas, prolongando seus efeitos por muito tempo após o vinho ter sido ingerido. É o que se costuma chamar de retro-olfato. Você descobrirá que quanto melhor for o vinho, seus aromas residuais serão mais complexos, profundos e duradouros.
Este é um momento sublime, de reflexão e comunhão, que só o vinho é capaz de proporcionar. Um grande vinho costuma ter aromas no retro-olfato diferentes dos aromas diretos. Quanto mais aromas novos surgirem, mais valorizado deve ser o vinho.

Adstringência: a qualidade dos taninos
Ainda no final de boca, perceba se existe algum sinal de adstringência, que é a sensação de secura na boca. Esta adstringência é provocada pelos taninos, que têm uma ação coagulante sobre a saliva. Quanto mais grosseiro for o tanino, maior a sensação de adstringência percebida na boca. Lembre-se que vinhos tintos jovens podem possuir taninos mais agressivos, que variam de intensidade de acordo com a variedade de uva. De qualquer forma, uma excessiva adstringência, independente da idade ou da varietal usada no vinho é um sinal preocupante de falta de delicadeza na vinificação ou de uvas colhidas antes de atingir seu máximo grau de maturidade fisiológica. Isto se traduz em taninos verdes e grosseiros, que muito provavelmente não melhorarão no período de envelhecimento na garrafa, por mais longo que seja o tempo de adega. Os grandes vinhos, mesmo jovens, possuem taninos maduros e macios que jamais agridem a mucosa da boca ou causam adstringência excessiva.
Ao final da avaliação gustativa, deveremos ainda correlacionar todas as sensações percebidas, expressando um conceito de difícil definição, que é o de equilíbrio e harmonia do vinho.
O equilíbrio do vinho
O equilíbrio gustativo é o resultado da complexa interação entre as substâncias que formam a estrutura do vinho, isto é, álcool, taninos, açúcares, extrato e ácidos. No caso dos vinhos brancos devemos analisar a relação entre os açúcares (se o vinho for doce) e o álcool, que conferem maciez ao vinho, em contraposição à acidez presente no mesmo. No caso dos vinhos tintos, os elementos a serem apreciados são a acidez, os taninos e o álcool. Quanto mais correta e equânime for a relação entre os elementos, melhor será o equilíbrio e a harmonia do vinho analisado.
Para finalizar, lembre-se de que a degustação de vinhos deve ser encarada como uma grande diversão e acima de tudo, ser extremamente agradável, constituindo-se numa inigualável atividade intelectual, que deve ser praticada com grande paixão.
Bibliografia
1. Emile Peynaud: Le Gôut du Vin
2. Giancarlo Bossi: Teoria e Prática da Degustação de Vinhos
3. Marian W. Baldi: The University Wine Course
4. Michael Broadbent: Winetasting - How to Approach and Appreciate Wine
5. Tom Stevenson: The New Sotheby's Wine Encyclopedia
6. Jancis Robinson: Wine Course
7. Jancis Robinson: The Oxford Companion to Wine
Texto de Arthur P. Azevedo.
                                                                                                                            POSTADO POR.
                                                                                                                         RODRIGO CACHOLI.
 



 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Barolo é um vinho excepcional feito com a uva Nebbiolo e que se transforma na taça como nenhum outro

POR: DIDO RUSSO 

O Barolo é um vinho excepcional que costuma arrebatar fanáticos apreciadores conhecidos por  “Barolistas”. Sua uva Nebbiolo costuma ter uma evolução na taça que impressiona. Os aromas e sabores vão se alterando constantemente, seduzindo o degustador, que viaja por:

  • alcatrão
  • alcaçuz
  • castanhas
  • baunilha
  • canela
  • pimenta verde
  • violetas
  • rosas
  • ameixas secas
  • bolo de frutas
  • tabaco
  • chocolate amargo.
Há registros da existência da uva Nebbiolo no Piemonte, desde 1235. Esta uva que regionalmente também é conhecida por Spanna, resulta em outros vinhos também muito bons, como: Barbaresco, Bramaterra, Boca, Carema, Fara, Ghemme e Nebbiolo d’Alba. O Gattinara, outro grande vinho de longa guarda do Piemonte, é produzido com a Nebbiolo (90%) e Bonarda (10%) Porém o grande expoente é mesmo o Barolo, que deve necessariamente envelhecer por 3 anos na cantina sendo dois em madeira, ou 5 anos (três em madeira) para os Riserva. Barolo está dentro da região chamada de Langhe, a 40 km de Asti e 70 km de Torino. Onze comunas compõem as colinas de Barolo. São divididas em colinas da esquerda, com solo mais compacto produzindo vinhos mais austeros e de guarda: Castigliane Falletto, Diano DÀlba, Grinzane Cavour, Monforte D`Alba, e Serralunga D`Alba. Do outro lado, nas colinas da direita, com solo mais macio, melhor drenagem e vinhos para serem consumidos mais jovens: Barolo, Cherasco, La Morra, Novello, Roddi e Verduno. Combinações ideais para um Barolo:
  • Pratos selvagens com carnes de caça de pelo.
  • Carnes especiais condimentadas e untuosas.
  • Pratos tartufados quando estruturados.
  • Quando jovem o Barolo vai bem com antipasti.
  • É sempre um “vino da meditazione...”
Na cidade de Barolo existe uma enoteca muito interessante: “Enoteca Regionale Del Barolo”, que promove encontros, e eventos ligados ao vinho Barolo, essa enoteca conta também com um museu, uma adega e sala de degustação. http://www.enoteche.ne. Devemos esta glória de vinho à sra. Giulia Colbert, a Marquesa Falletti di Barolo, que enciumada da preferência dos nobres italianos pelos vinhos franceses, mandou chamar um enólogo da Bourgogne, de nome Louis Oudart, que introduziu métodos de enologia que corrigiram a maturação do vinho local, que anteriormente era adocicado, leve e inconstante e transformou-o no famoso Barolo. Ou seja, há mãos francesas no nascimento do Barolo... Oudart fez tanto sucesso com seu trabalho no Barolo, que foi contratado também pelo Duque de Cavour em seu Castelo Grinzane e por Vittorio Emanuele que transformou sua casa de caça de Fontanafredda em Serralunga D’Alba num grande vinhedo de Nebbiolo. Essas “aziendas” produzem Barolos até hoje. Há uma história deliciosa sobre o Barolo: Conta-se que em 1922, Edward, o então príncipe de Gales, herdeiro da corôa da Grã Bretanha, Irlanda e India, visitou a Itália. Solteiro, era considerado "o melhor partido da Europa". Em Roma foi recebido com um banquete por Vittório Emanuelle III. O soberano queria mesmo era apresentar-lhe a filha mais velha, Jolanda, também solteira. Sua intenção era ver se o príncipe se interessava em casar-se com Jolanda. Porém, apresentaram-lhe também na mesma noite o Barolo, que teve total preferência do Príncipe de Gales. Êle bebeu tanto do vinho que saiu oferecendo dele  a todos os presentes. Até os guardas que estavam à porta do salão tomaram do Barolo oferecido. Edward mal se dirigiu à pobre princesa.  Foi um escândalo. Saúde!
O Barolo é um vinho excepcional que costuma arrebatar fanáticos apreciadores conhecidos por  “Barolistas”. Sua uva Nebbiolo costuma ter uma evolução na taça que impressiona. Os aromas e sabores vão se alterando constantemente, seduzindo o degustador.

MATERIA RETIRADA DO BLOG DEGUSTATE.
postado por:
Rodrigo Cacholi.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A História do Saca-rolhas


21233791Na antiguidade o vinho era acondicionado em ânforas de terracota e, posteriormente, em barris de carvalho. A bebida era feita para ser bebida jovem e para viajar pouco. Isso porque, quanto maior o tempo de transporte, maior era a chance de estragar.

O uso de garrafas para o serviço do vinho data do século XII, quando já era prática comum nas casas dos ricos e nobres de Veneza. Porém, o uso de garrafas para guardar o vinho só ocorre no século XVIII, quando tornou-se financeiramente viável produzi-las em grande escala. Tal uso necessitava uma vedação hermeticamente completa, alongando a vida útil e o período de guarda do produto, bem como proporcionando o desenvolvimento de aromas mais evoluídos – resultantes do lento processo de maturação.

sacarolhasOs ingleses, grandes apreciadores de vinho, foram os primeiros a utilizar as rolhas, importadas da Espanha e de Portugal, para vedar as garrafas de vinho. Foram, igualmente, os primeiros a perceber a necessidade de inventar um dispositivo que permitisse retirar a rolha para permitir o consumo do produto. Surgiu assim, o saca-rolhas, cuja primeira patente foi solicitada na Inglaterra por Samuel Henshall, no dia 24 de agosto de 1795. Poucos anos depois, diversas outras patentes eram requeridas naFrança (1828), Estados Unidos (1856), Alemanha (1877) e Canadá (1883).

saca-rolhas_cod_2087_gAté o início do século XX, cerca de 300 modelos de saca-rolhas já haviam sido patenteados. De lá para cá, diversos outros modelos foram desenvolvidos, cada qual buscando proporcionar ao apreciador de vinhos um ritual tranqüilo, sem traumas e sem complicações para abrir suas garrafas de vinho. E, para aqueles que ainda têm medo de usar saca-rolhas, é importante lembrar a gradual substituição da rolha por cápsulas de metal, com tampa de rosca em algumas garrafas de vinho, que dispensa o uso desse objeto.

apreciar_saca_rolhasOs tradicionalistas do vinho abominam a idéia, mas a tampa de rosca já representa mais da metade dos vinhos vendidos no mercado britânico – maior centro mundial de consumo deste produto. Essa é uma das poucas e raras evoluções no acondicionamento do vinho desde a popularização do uso das garrafas no século XVIII.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Vinhos mais Antigos Encontrados



Cerca de trinta garrafas do vinho mais antigo do mundo foram descobertas por mergulhadores num naufrágio no Mar Báltico. As garrafas são de champanhe, e tiveram sua origem estimada entre 1782 e 1788, ou seja, elas são de um tempo anterior à revolução Francesa. Todo este tempo as garrafas de vinho estiveram no escuro e silencioso leito do oceano.

As garrafas que teriam sido produzidas pela Clicquot, (agora Veuve Clicquot) trouxeram aos especialistas de vinhos uma intrigante e monumental surpresa: O vinho está em ótimas condições.
De alguma maneira a temperatura e escuridão do leito do oceano fez com que a bebida se mantivesse intacta. Após o vinho e as garrafas serem enviadas para análise em um laboratório francês, os resultados comprovaram que as garrafas de vinho guardam em seu interior o mais antigo e em boas condições champanhe existente.
Agora, como era previsível, as garrafas do vinho mais antigo do mundo irão a leilão. Especialistas concordam que o preço provável para cada garrafa de vinho seja de U$ 69.000.
A marca de garrafa de vinho mais antiga do mundo até então era de um Perrier-Jouet datada de 1825. As 30 garrafas de vinho descobertas no fundo do mar são cerca de 40 anos mais antigas que ela. As garrafas de vinho do naufrágio foram descobertas na costa de Aaland, uma parte autônoma da Finlândia.